sábado, 3 de agosto de 2013

Colocaram vodega na minha caipirinha, amor

Ele conta:
00h51. Alguém está tentando abrir a porta.
Ele olha pelo olho-mágico e abre.
— Amooooor, que que cê tá fazendo aqui?!
— Essa é a minha casa, amor.
— Oxe! Vim parar no prédio errado!... Vou pra casa, amor. Beijo!
— Não, amor, vem cá. Entra... Você bebeu?!
— Amooor! Amooooor! Colocaram vodega na minha caiprinha, cê credita?! VODEGA, AMOR!!! VO-DE-GA!
Ele tirava pacientemente os sapatos delas enquanto a ouvia. E, mesmo sonolento, ria.
— Eu tô vendo, amor. Vem cá, vamos tomar um banho.
Sabendo que era impossível dar banho nela daquele jeito sem se molhar todo, ele se despiu e tomou banho junto com ela, enquanto ela fazia seus relatos.
— Amor, o mundo dá muitas vodegas. Muuuuuuitas vodegas, amor! E essas vodegas me deixam muito enjoada! — Ela reclamava.
Findo o banho, ele a vestiu em uma de suas camisas e lhe preparou um café forte com chocolate, do jeito que ela gosta. Depois, foram pro quarto assistir filme e adormeceram.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Jantar

18h06min. Ele liga.
— Amor?
— Oi, amor!
— Tá onde?
— Saindo do fórum e você?
— Em casa. Vem pra cá.
— Vou!... Agora!
— Maravilha!
— Cê já correu ou vai ainda?!
— Já corri, já malhei... Acabei de chegar em casa, todo suado. Tô indo tomar banho já, já.
— Hum... coisa boa! Me espera, e a gente vai juntos.
— Delícia! Espero, sim.
— Cê quer que eu compre alguma coisa pra gente comer?
— Amor... a única coisa que eu pretendo comer hoje à noite é você. Venha prep...
Ela ri e o interrompe.
— Mô, tô dirigindo, tá no viva-voz...
— Tem gente do seu lado, amor?!
— Tem.
— É criança?
— Não.
— Ah, então já deve ter dado uma metidinha. Sabe do que eu to falando e aprova. Se acanha não, amor.

domingo, 12 de maio de 2013

Boys

Tinha acabado de chegar em casa depois de mais uma quinta chuvosa no bar, quando o telefone tocou. Ele estava realmente angustiado. Coisas do coração. Como sempre, me contou os detalhes e pediu minha opinião, porque eu “sou mulher, mas sou lúcida”.
— Acho engraçado vocês, homens, todo assustadinhos por conta de uma mulher. Que mal ela pode lhe fazer?
— Eu posso me apaixonar por ela.
— Não é dela, então, que você tem medo.
Aí, me enumerou as inúmeras desvantagens e inconvenientes que estar apaixonado traz. Ela poderia partir o coração dele.
Tive que responder o óbvio.
— Seu coração só será partido se você permitir. Como tudo na vida, relacionamentos acabam. Eu sei que nem sempre estamos preparados, mas precisamos lidar com isso. Acabou? Bola pra frente, a vida continua. Mas, pra terminar, é preciso ter começado antes. Não se defende. Não precisa ter medo. E, se um dia acabar, lembra dos momentos bons e que tem muita mulher legal ainda esperando você pra repetir a dose. Não se defende.

Dois dias depois, me ligou de novo pra contar que estava namorando.