terça-feira, 17 de novembro de 2009

Da doçura do amor e da infância

— Lembra quando nós éramos crianças e vendiam um pirulito pequenininho, de sabor tutti-frutti, cuja embalagem sempre grudava no doce e dava um trabalho danado pra abrir?
— Lembro. Você adorava esse doce. Eu sempre lhe comprava um bocado quando queria me desculpar de alguma coisa.
— Pois é. Ainda vendem. O sabor continua maravilhoso!
— É?
— É... você é o meu doce pequeninho que dá trabalho pra abrir, mas que, no final do dia, recompensa todos os esforços. Eu amo você.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O mundo virou Manhattan

Love's died.

Clarinha, 4 anos

— Titio Gui, você vai usar aparelho pra sempre?
— Não, Clarinha. Por quê?
— Porque eu ouvi uma moça, lá na escola, dizer que, se ela parar de usar o aparelho dela, os dentes dela voltam a ser como eram antes. Você usa o seu toda noite, não é?
— É.
— Se você parar de usar ele, os seus dentes vão ficar como eram antes?
— Não sei, talvez.
— Ah, titio, você vai ter que usar aparelho pra sempre!
— É..., não sei.
— Se preocupa não, titio, se a Lala não quiser te namorar pra sempre, eu te namoro.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

terça-feira, 30 de junho de 2009

Boca - Funções:

Beijar e morder.

— Vem cá, amor.

Gostinho de infância

Ele colocava suco no copo quando deixou cair um pouquinho nos dedos dela, que o sorveu rapidamente.
— Hum, que gostoso!
— Tem gosto de quê?
— Gostinho de infância!
— Delícia!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

10 cm

— Olhe, rapaz, não chegue mais tão perto assim. Você sabe onde isso pode terminar e sabe que nós não podemos.
— É, nós não podemos. Mas eu quero.
— Rapaz, essa brincadeira tá ficando séria.

(Alguns homens não devem falar a menos de 30 cm de uma mulher. Gostosura.)

domingo, 10 de maio de 2009

terça-feira, 5 de maio de 2009

Ele, então, me disse...

(Olha isso! Que gargalhada gostosa que ela tem! E a boca? Que boca linda!)

— Amor, vem cá. Me beija.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Considerações

Eu lembro as pessoas dizendo que eu ficava muito mais feliz e radiante quando estava com você. E realmente era verdade. As coisas mudaram um pouco e já não há a mesma emoção de antes. Mas eu ainda sou a mesma, você ainda é o mesmo. Então não é tão diferente assim, não é tão mau assim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Acabo com a sua vida

Agarrou-o pela gola e o empurrou contra a parede:
— Acabo com a sua vida!
Puxou-o para mais perto de si.
Mordeu.
Mordeu sua boca, sua língua.
Ela o comeu inteiro.

sábado, 14 de março de 2009

Exemplificação da teoria da contribuição metafísica do trabalho para dirimir a dor baseada na concepção schopenhauriana do amor

Ela estava em seu escritório quando ele bateu de levinho na porta e entrou.
Sorriram-se. Conversaram.
Acabou.
Tudo muito educado. Ele admitia para si toda a culpa.
Beijou delicadamente a mão dela e saiu.
Ela ainda o amava, mas respirou fundo e voltou ao trabalho.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ela disse...

— Olhe, rapaz, ou suma de uma vez, ou fique para sempre comigo.

Ele não disse nada. Mas ficou.

segunda-feira, 9 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Um homem? Um menino?

Um homem:
O ar escarninho, a cara exposta, o all star surrado, a camisa de time, a certeza de quem sabe o que fala, a fala mansa, o sotaque gostoso, o cabelo despenteado, a barba, a boca, a mão... um mundo que pára para vê-lo passar:
Um menino.

sábado, 7 de março de 2009

Nada mais

10:30 da manhã. Um telefone toca.
— Alô?
— Oi, sou eu. Onde você tá?
— Eu tô em casa mesmo.
— Ah, tá bom. Eu tô indo aí. Você tava dormindo? Eu te acordei?
— Não, não. Pode vir.
— Tá, tô indo.
— Tá, tchau.
— Tchau.
15 minutos depois, ele chega. Ela abre a porta, eles se cumprimentam com um oi tímido e entram.
Silêncio.
Ela senta e começa a comer a última caixa de seu cereal, oferece a ele, que recusa.
Silêncio.
Ele a observa comer. Os mesmo hábitos.
Finalmente, alguém fala:
— E a sua mãe? Tá bem? — pergunta ela.
— Ah, tá, sim. E a sua? — responde ele.
— Tá bem também.
Silêncio.
Ele então se levanta e vai buscar o cachorro.
Volta e se despede dela:
— Bom, eu tô levando ele comigo, como a gente havia combinado.
— Sim. As coisas dele estão aqui.
— Tá. A gente já vai, então.
— Tá, até mais.
Ela brinca um pouco com o animal e depois os acompanha até a porta. Eles se despendem novamente e ele vai embora.
Nenhum beijo.
Nenhum abraço.
Nem um aperto de mão.
Sorrisos rasos e tchau.
Nada mais.
Tchau.