sábado, 14 de março de 2009

Exemplificação da teoria da contribuição metafísica do trabalho para dirimir a dor baseada na concepção schopenhauriana do amor

Ela estava em seu escritório quando ele bateu de levinho na porta e entrou.
Sorriram-se. Conversaram.
Acabou.
Tudo muito educado. Ele admitia para si toda a culpa.
Beijou delicadamente a mão dela e saiu.
Ela ainda o amava, mas respirou fundo e voltou ao trabalho.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ela disse...

— Olhe, rapaz, ou suma de uma vez, ou fique para sempre comigo.

Ele não disse nada. Mas ficou.

segunda-feira, 9 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Um homem? Um menino?

Um homem:
O ar escarninho, a cara exposta, o all star surrado, a camisa de time, a certeza de quem sabe o que fala, a fala mansa, o sotaque gostoso, o cabelo despenteado, a barba, a boca, a mão... um mundo que pára para vê-lo passar:
Um menino.

sábado, 7 de março de 2009

Nada mais

10:30 da manhã. Um telefone toca.
— Alô?
— Oi, sou eu. Onde você tá?
— Eu tô em casa mesmo.
— Ah, tá bom. Eu tô indo aí. Você tava dormindo? Eu te acordei?
— Não, não. Pode vir.
— Tá, tô indo.
— Tá, tchau.
— Tchau.
15 minutos depois, ele chega. Ela abre a porta, eles se cumprimentam com um oi tímido e entram.
Silêncio.
Ela senta e começa a comer a última caixa de seu cereal, oferece a ele, que recusa.
Silêncio.
Ele a observa comer. Os mesmo hábitos.
Finalmente, alguém fala:
— E a sua mãe? Tá bem? — pergunta ela.
— Ah, tá, sim. E a sua? — responde ele.
— Tá bem também.
Silêncio.
Ele então se levanta e vai buscar o cachorro.
Volta e se despede dela:
— Bom, eu tô levando ele comigo, como a gente havia combinado.
— Sim. As coisas dele estão aqui.
— Tá. A gente já vai, então.
— Tá, até mais.
Ela brinca um pouco com o animal e depois os acompanha até a porta. Eles se despendem novamente e ele vai embora.
Nenhum beijo.
Nenhum abraço.
Nem um aperto de mão.
Sorrisos rasos e tchau.
Nada mais.
Tchau.